A partir de 2024, o Brasil avança com três iniciativas para desenvolver um foguete nacional. Além do projeto público de um Veículo Lançador de Microssatélites (VLM), a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) está financiando dois projetos privados para a criação de Veículos Lançadores de Pequeno Porte (VLPP).Cada projeto segue uma abordagem tecnológica distinta, mas o objetivo comum é desenvolver um foguete capaz de colocar satélites em órbita estável, conforme explicou Rodrigo Leonardi, diretor da Agência Espacial Brasileira (AEB), à CNN.As iniciativas privadas são as grandes novidades. Em dezembro do ano passado, a Finep e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) anunciaram as empresas selecionadas para o desenvolvimento desses foguetes, com base em um edital de 2022. A Cenic Engenharia Indústria e Comércio Ltda lidera um dos consórcios e receberá R$ 190 milhões, enquanto a Akaer Engenharia S.A lidera o outro e receberá R$ 180 milhões. Esses investimentos não são reembolsáveis e os projetos devem ser concluídos até 2026.No setor público, Leonardi menciona que o projeto VLM está mais avançado, com o próximo passo sendo um teste do motor-foguete S50 ainda este ano. Se bem-sucedido, seguirá o desenvolvimento do veículo suborbital VS-50, culminando no VLM.
O projeto do VLM tem como objetivo lançar cargas úteis em órbitas equatoriais de 300 km ou mais de altitude. Desenvolvida em parceria pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) e pela Agência Espacial Alemã (DLR), a tecnologia do foguete pode lançar satélites de até 30 quilos.
O foguete possui três estágios de propelente sólido na sua configuração básica: dois estágios com o motor S50, contendo cerca de 10 toneladas de propelente, e um estágio adicional.
As especificações técnicas para o VLPP, detalhadas no edital de contratação das empresas privadas, foram definidas pela Agência Espacial Brasileira (AEB). O objetivo é desenvolver um veículo capaz de lançar pelo menos cinco quilos de carga útil em uma órbita equatorial de 450 km.
Rodrigo Leonardi, diretor da AEB, considera a entrada da iniciativa privada "bem-vinda", pois gera uma concorrência saudável com o projeto público e se alinha às características do "New Space". Este termo se refere às mudanças no setor espacial, com a diminuição do papel predominante do Estado e o aumento da participação de atores privados.
Leonardi destaca a importância das normas e procedimentos no setor público, mas vê o New Space como um potencial impulsionador de avanços. Ele não descarta a possibilidade de que os VLPPs utilizem o legado tecnológico do VLM. Embora não mencione uma data específica, Leonardi acredita que o VLM será o primeiro veículo a ser lançado.
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